A década de 80 foi uma era de excessos, otimismo e, acima de tudo, imagem. O rock, influenciado pela atitude "faça você mesmo" do punk, mas também pela ambição comercial, se adaptou a esse novo cenário. O som tornou-se mais polido, grandioso e feito para ecoar nos imensos estádios que agora eram o palco principal. E um novo canal de televisão a cabo, lançado em 1981, mudaria para sempre a forma como a música era consumida: a MTV (Music Television). A partir de então, a aparência de uma banda tornou-se tão importante quanto sua música.
O Rock de Arena e a Consciência Social
Enquanto o punk era íntimo e visceral, o rock dos anos 80 foi feito para as massas. Bandas como U2, vindas do pós-punk irlandês, combinaram a guitarra texturizada de The Edge com os vocais apaixonados e as letras politizadas de Bono para criar um som hínico e inspirador. Com álbuns como The Joshua Tree, eles se tornaram a maior banda do mundo, seus shows em estádios eram eventos quase religiosos que uniam dezenas de milhares de pessoas.
Nos Estados Unidos, artistas como Bruce Springsteen e Bon Jovi também capturaram esse espírito. Springsteen era o cronista da classe trabalhadora americana, enquanto Bon Jovi criava hinos de rock melódicos e cativantes, com refrãos feitos para serem cantados em uníssono por multidões. O rock de estádio era grandioso, sincero e projetado para criar um senso de comunidade em larga escala.
U2 no palco durante a turnê "The Joshua Tree", exemplificando a escala massiva e a conexão emocional do rock de estádio dos anos 80.
A Revolução do Videoclipe e o Rei do Pop
A MTV mudou tudo. De repente, a música tinha um rosto, uma narrativa visual e uma coreografia. Ninguém entendeu ou dominou esse novo meio como Michael Jackson. Embora fosse o "Rei do Pop", seu impacto no rock foi inegável. Em 1983, ele quebrou barreiras raciais na MTV com o videoclipe de "Billie Jean".
Sua canção "Beat It" foi um marco da fusão entre pop e rock, apresentando um solo de guitarra lendário de um dos maiores heróis do hard rock, Eddie Van Halen. O videoclipe, com sua história de gangues rivais unidas pela dança, tornou-se um evento cultural. Michael Jackson provou que um artista negro poderia dominar o mundo da música pop e do rock, usando o videoclipe como sua principal forma de expressão artística.
Michael Jackson no videoclipe de "Beat It", uma obra que fundiu pop, rock e dança, definindo a era da MTV.
O Hard Rock e o "Hair Metal"
A MTV também foi o palco perfeito para uma nova vertente do hard rock, que ficou conhecida como "Hair Metal" ou Glam Metal. Bandas como Mötley Crüe, Poison e Guns N' Roses combinaram riffs pesados com refrões pop, uma atitude festeira e, crucialmente, um visual andrógino e exagerado, com cabelos compridos e maquiagem. Seus videoclipes, cheios de pirotecnia, carros esportivos e modelos, dominaram a programação da MTV.
O Guns N' Roses, em particular, trouxe de volta uma sensação de perigo e autenticidade ao rock que parecia ter se perdido. Com o álbum Appetite for Destruction, eles combinaram a agressividade do punk com a musicalidade do hard rock clássico, tornando-se a "banda mais perigosa do mundo".
No final da década, o som polido e a imagem cuidadosamente construída do rock dos anos 80 começaram a parecer artificiais para uma nova geração. Nos porões e garagens de cidades como Seattle, um som mais sujo, mais pesado e mais introspectivo estava se formando, pronto para destruir o castelo de cartas do rock da MTV e iniciar a próxima grande revolução.
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